Aprenda como tocar Blues a partir de seus fundamentos.

Todo músico amador ou profissional do violão ou guitarra se interessa de alguma forma em aprender como tocar Blues.

Entenda aqui de forma prática, as bases que vão viabilizar essa prazerosa aventura musical!!

O Blues – origem e significado

O Blues é um gênero musical seminal. Originou-se na região sul dos EUA em meados do século 19 e trata-se, como toda grande arte, de uma síntese envolvendo diversas culturas, em especial as afro-americanos.

É uma mistura que traduz em forma de canções, sentimentos profundos e muitas vezes antagônicos.

Não é portanto, algo para ser apenas apreciado, mas também vivido, é uma espécie de lamento, oração ou salmo secular.

Musicalmente falando

Em termos musicais, é a interação da tonalidade com a modalidade. Neste gênero, passado, presente e futuro se encontram nas sobreposições de escalas modais aos acordes tonais.

Do mundo tonal, temos como ingrediente principal o mais dramático dos tipos de acordes, o tipo dominante. Esse acorde é o coração do sistema tonal.

Um acorde dominante é instável, carente de resolução, dissonante.

Por outro lado, do mundo modal temos, como em um equilíbrio perfeito, as escalas pentatônicas. Estas escalas tão antigas quanto o homo sapiens, remetem a estabilidade, a eternidade. Aqui, não há tensão, apenas movimento.

Em filosofia, o encontro de “opiniões” divergentes propicia a dialética e como resultado chega-se a algo superior. Neste caso, e se tratando de música, o resultado foi: o gênero blues.

O essencial do Blues – A Forma Blues

Como síntese do blues, temos a “forma blues”.

Aqui, será apresentada em sua versão básica de três acordes do tipo dominante, distribuídos em uma seção de 12 compassos.

Esta forma vem sendo explorada por compositores, improvisadores e arranjadores há mais de um século, resultado em subgêneros do jazz, soul e Rock, para citar apenas alguns gêneros.

Estamos tratando neste post apenas do extrato rítmico-harmônico (a base) da forma blues, o extrato melódico e as relações com esta base serão abordadas num futuro conteúdo.

Também começamos com a estrutura mais “simples”: três acordes.

Mas, já antecipamos que muitas outras variações existem, incluído versões mais complexas, como no jazz.

Porque estudar e tocar a forma blues?

Este é um ponto de partida confortável para uma longa caminhada que perfaz uma passagem por vários gêneros de referência até abordagens atuais.

Portanto, o estudo desta forma é fundamental para dominar com profundidade uma infinidade de outros processos como:

• levadas
• progressões harmônicas
• escalas e fraseados relacionados e influenciados pela forma blues

A simetria perfeita

A forma blues apresenta uma progressão em que o tempo e a quantidade de acordes se desenrolam em um movimento crescente. Produz assim, um efeito dramático de clímax.

Podemos dizer que a forma se subdivide em três partes simétricas de 4 compassos.

Primeira parte

Os quatro primeiros compassos (4/4) da primeira parte estabelecem a “tonalidade”, porém, com um acorde de função tônica (tradicionalmente estável) paradoxal, instável por se tratar de um acorde do tipo dominante.

Segunda parte

A segunda parte o movimento é em direção à subdominante, IV grau. O ritmo harmônico acelera, agora são dois compassos na subdominante e dois na tônica.

Terceira parte

E finalizando, a terceira partes apresenta um movimento com as três funções principais (tônica, dominante e subdominante), observando a seguinte ordem: um compasso na dominante, um na sub-dominante, um na tônica e o último na dominante, preparando a volta.

Em síntese: primeira parte: um acorde, segunda parte: dois acordes, e terceira: quatro acordes.

VAMOS À PRÁTICA!!

Estudo dirigido: como tocar Blues entendendo a forma Blues

Plano de estudo para entender e tocar a forma blues

Segue um plano de estudo para você aprender a tocar blues a partir de seus fundamentos básicos. Num futuro breve, estarei publicando conceitos que irão ampliar os horizontes no aprendizado do Blues.

Anexo uma vídeo aula onde demostro o passo a passo para aplicação prática do estudo. Aproveite!

Conteúdo:

• Tétrades do tipo dominante
• Forma blues
• Levada jazz

Metodologia:

1. revisar as tétrades dominantes (A7, D7 e E7)
2. aplicar a levada de pulsação no acorde de A7 observando a duração
3. Tocar em cima do vídeo imitando a sonoridade
4. Decorar por partes
5. praticar sem e com o backing track

Rotina de Estudo

1º dia
10 min. Revisar acordes;
10 min. Praticar a primeira parte da levada contando os tempos (repetir 4 vezes);

2º dia
5min. Relembrar a 1ª parte;
5min. Tocar a 2ª parte (D7 e A7) contando os tempos;
5min. Juntar a 1ª e 2ª partes (repetir 4 vezes);

3º dia
5 min. Tocar a 1ª e 2ª partes;
5 min. Tocar a 3ª parte (E7, D7, A7, E7)
5 min. Juntar as partes (repetir 4 vezes)

4º dia
10min. Tocar com o backing track;

Comemore!!! Você está criando uma memória profunda sobre o assunto forma blues.

Atividades complementares:

Imagine-se tocando (com o backing track)

Escreva do seu jeito a forma Blues.

Sugestão de audição:

Sugestão de Documentário para assistir

Referências bibliográficas

• PEASE, Ted. Jazz composition. Theory and Practice. Boston, Berklee Press.
• KODAMA, Marcia Kazue. Tocando com concentração e emoção: a psicologia e a neurofisiologia ajudando o intérprete. São Paulo: Editora Som, 2008.